...

De volta à outubro.



Carolina lavava o rosto mais uma vez.

- Acorda Carol! Repetia baixinho ao espelho.

Os dias no trabalho tinham lhe dado um “trabalho” danado e a semana tinha sido tão desgastante que ela nem tivera tempo pra tomar um café.  - Era até melhor assim, pensava Carolina, mas ainda precisava de mais umas horas acordadas, precisava acordar, tinha tantas coisas pra fazer!

Estava dormindo, e não apenas naquela madrugada com gostinho de noite mal dormida, mas desde aquele dia de outubro que cruzou com Rodrigo na rua Dezesseis. Desde o dia que reencontrou-se com seus olhos verdes, aqueles mesmos que outras tantas vezes lhe fizeram promessas sem fim.

Naquele dia, gélida  e ainda trêmula, Carolina olhou-o atentamente, olhou, e olhou novamente, mas não viu mais nada do que antes lhe era obvio. Não eram os mesmos olhos, já não era o mesmo sorriso que completava o seu, nem a mesma camisa vermelha com quem atravessara dias felizes.  Já não existia  o mesmo Rôh, já não existia a mesma Carol.  Eram apenas mais um desses estanhos conhecidos, que não se reconheciam mais.

E Carolina voltava a outubro sempre que pensava naqueles olhos, voltou a outubro durante todos os meses que se seguiram.

- Voltaria quantas vezes precisasse, repetia a si mesma, porque sentimento quando é grande e puro, não se desfaz tão fácil assim.

(Texto dedicado a uma amiga: C.P) 


A.C.N.A

2 comentários:

Carolina Plinta disse...

Que coisa mais linda! O mais instigante é q essas palavras carregam mto de mim e do q sinto.... os olhos, o sorriso, a camisa, a mudança, outubro, o "acordar".. até a foto, amei tdo de verdade...

Obrigada pelo lindo presente, que perdurará para sempre.... e obrigada pela doce presença...

Beijos de luz...

Carol.

Voltaria quantas vezes precisasse, repetia a si mesma, porque sentimento quando é grande e puro, não se desfaz tão fácil assim.

luara veloso disse...

C'est la vie...

Difícil não se identificar com um texto assim.

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...