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A primavera estava chegando.


Deitada no sofá, vinte e uma horas. Havia sido um dia bastante cansativo. Brígida estava exausta. Talvez levantar um dedo lhe fosse desgastante.

- Só precisava descansar, era isso. Há três noites não dormia, não se alimentava direito e não fazia nada que lhe agradasse. Passara o dia ouvido acusações e recebendo julgamentos hostis. O dia não, os últimos dias. Mas tudo estava chegando ao fim. Animava-se, mesmo sem ter a certeza de que o fim seria realmente bom ou se faria jus a sua nomenclatura. Fim - algo ali estaria acabando, perecendo, deixando de existir - isso seria bom? Como gostar de algo que está terminando? Seria realmente um fim ou o princípio de uma nova busca por fins? Estaríamos sempre buscando fins? ou inícios? ou fins que suspiram por inícios? 

- Ah... chega. Estava cansada demais até para suas próprias indagações. 
- Mas, por onde começar? perguntava-se inquieta. 

 Nada estava no lugar, as coisas literalmente necessitavam de um pouco de ORDEM. Ordens, ela tinha passado a semana obedecendo-as, a ultima coisa que queria neste momento era pensar em ordens. Mas elas estavam em todo lugar, em todo lugar dentro de si. O dever-ser crescera com ela, e até que eram bons amigos, mas houve um longo inverno, e ela já não era mais a mesma. Agora, já era outono, as coisas ruins seriam levadas com o mesmo vento que levaria as folhas caídas ao chão e além do mais,  a primavera estava chegando, seu coração pressentia.

 A.C.N.A

2 comentários:

Ellys Soares disse...

Isso aqui tá cheio de vivências...
É um deleite viajar na tua escrita!!!

;)

Ana disse...

Obrigada Prima,elogios vindos de você também são uma honra para mim!

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...