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O que não é amor.



Amar, de verdade, é gostar do outro exatamente como ele é. É enxergar os seus defeitos, mas na mesma hora, esquecê-los. É não sentir-se completamente feliz sabendo que a pessoa amada também não está. É querer mostrar tudo de belo que se vê, e dizer tudo de bom que se sabe, só pra ter a alegria de ver a pessoa amada feliz. É guardar sempre o melhor pedaço. É ouvir as piores coisas e perdoar no dia seguinte. É ser acusado por atitudes tomadas na tentativa de preservar o próprio amor, que é maior do que tudo pra quem ama, e  conseguir sorrir depois. É renunciar uma vida inteira, e ainda assim, as vezes, ouvir que não se vale o comer que come. É não conseguir dormir por esconder alguma coisa do outro, e não descansar até confessar. É confiar ao outro seus mais íntimos segredos, seus piores medos e dúvidas, mesmo sabendo que na primeira oportunidade tudo isso vai ser usado contra você. É ser magoado ao extremo, ficar profundamente decepcionado e ainda assim temer deixar de amar quem lhe fez sentir-se assim. É chorar lágrimas de sangue por palavras e atitudes da pessoa amada e desejar ser consolado justamente por ela. É afastar-se de tudo e de todos, mesmo sem perceber, e ainda preferir viver assim. É não comentar com ninguém o quanto fomos magoados só para que outras pessoas não julguem a pessoa que amamos. É saber que as vezes essa mesma pessoa vai lhe fazer sofrer muito, mas não conseguir imaginar sua vida sem ela. O amor, na sua mais pura essência é assim: sem limites, persistente, paciente, restaurador, até o fim. É desafio, é dar a cara a tapa, mesmo. É como diria alguém que amo muito “pular em um mar com os olhos vendados sem saber onde é o raso ou o fundo”. Amar é atitude, é decisão, é missão que se aceita.

Tememos não ser o suficiente para as pessoas que proclamam nos amar, e até passamos horas a fio cogitando a possibilidade dessas pessoas não mais sentirem amor por nós. Tudo isso porque os relacionamentos, com uma freqüência cada vez maior, estão fundamentados na satisfação das próprias necessidades, em um pseudo-amor, um amor fácil, um amor onde só existem flores, onde não existem obstáculos, nem renúncias, tão pouco desentendimentos. Que chega muito rápido e que vai mais rápido ainda. Isso é paixão, é lance, é romance, como quiserem chamar, mas amor, amor não é.

E a culpa é de quem?

O amor é tão raro e tão necessário que na maioria das vezes o inventamos. Estamos precisando urgentemente de amor, mas do verdadeiro. Na falta deste, fantasiamos amor onde não existe, quase sempre com as melhores intenções. Quem sabe,  na tentativa de vivermos um pouco do muito que dizem por ai. Sonhando com a parte boa, com a “tal felicidade” e por que não dizer, com “as flores”?  Por conseqüência, acabamos provando de amores falsos. Sim, dos falsos amores.

Por outro lado, também não nos permitimos mais amar as pessoas verdadeiramente, porque amor verdadeiro dói, machuca e dilacera e além de tudo, nem sempre é recíproco. Quem nos dias de hoje tem a coragem de se aventurar em uma experiência assim?

É questão mesmo de escolha, amar de verdade ou amar de mentirinha. O problema é que algumas pessoas ainda não aprenderam a “não amar”, e outras são profissionais em “pseudo-amores”. Quando pessoas assim se encontram e silenciam em relação a isso, possivelmente a dor vai se fazer presente, para quem amou, claro, porque tudo e nada, volta e meia é dor de amor. 

A.C.N.A

2 comentários:

luara veloso disse...

Tenho fortes indícios de que o ser humano tenha desaprendido o caminho. Fico, pois, com o Vinicius: "é preciso inventar de novo o amor"

Ana disse...

Concordo plenamente com você Lua.

:*

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...