...

Há de brotar.




Entregava uma flor, sempre que conhecia alguém. Alguém que, de longe, valesse o sorriso estampado e o verso simples. No entanto, não fazia mais nada. Nada além de cuidar do que lhe restara: do jardim e das outras flores. Das que chegavam de vez em quando, das que plantava, e das que nasciam sem que percebesse. No mais, já havia plantado a semente. Esperava brotar ou deixava murchar, porque apesar de gesto simples, suas flores, eram pouco do muito que lhe restara, um verdadeiro complexo de beleza e dor. Seu jardim, que já não vinha tão florido, era sagrado, e desprender-se de uma flor era gesto sublime, coisa rara. A flor que entregava, era menos de si em si mesma e mais de si para o mundo. Retalhar-se em fragmentos, mais parece dor sem fim. Mas, se a flor que entregava brotava no coração de alguém, então, milhares de outras flores surgiam no caminho. Porque parece controvertido, mas amor que é dividido e cultivado, há de brotar, ainda que não se entenda, ainda que de forma imperceptível, como que flor do campo, no coração de alguém.  

A.C.N.A

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...