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Um dia desses, passei por um dia difícil, e tudo que eu mais esperava da semana,  era correr meus cento e poucos metros, que fossem, por mera distração,  mas o único tempo que tive,  só me permitiu correr até a padaria mais próxima para garantir os pães do fim de tarde. Calmamente, respirei fundo, vesti meu melhor sorriso e me dirigi sem reclamar. Quando estacionei o carro e cruzava a rua, uma senhora magrinha, de estatura mediana, cabelos brancos,  e certa idade, tremia, em meio ao movimento de veículos que dificultavam sua travessia em segurança. De imediato, cruzei a rua, segurei em seu braço e levei-a até o outro lado. De contrapartida,  recebi um abraço e um sorriso,  acompanhado de palavras que me fizeram pensar o dia inteiro à respeito: "minha filha,  muito obrigada, que Deus te abençoe,  e que quando você chegue à minha idade, encontre alguém que te atravesse também, assim como você fez comigo". Naquele momento, apesar do quão triste me pareceu a dura realidade que se perfaz nas limitações da vida, uma enorme felicidade me invadiu,  e tive a certeza: valeu à pena estar viva para poder estar ali e atravessá-la, valeu a pena ter "perdido a hora" de praticar minha atividade física. De fato, nenhuma corrida solitária me preencheria com tanta felicidade quanto a de ver a esperança e gratidão estampada nos olhos de alguém. E foi então que eu, em minha humilde experiência existencial,  mais uma vez, entendi: a verdadeira felicidade é um tesouro,  e está nas pequenas atitudes cotidianas: no bem que fazemos,  no amor que doamos, no sorriso que nos destinamos a ofertar. "É impossível ser feliz sozinho". (A.C.N.A).

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...