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Sobre retorno e outras coisas.

Um dia já não eram os mesmos quadros, nem as mesmas cortinas, tão pouco, os mesmos raios de sol. Os amores foram embora, os amigos mandaram lembranças e seguiram seu caminho.  As bonecas na prateleira, fechavam os olhos, e os livros, conversavam sozinhos. Um dia, naquele quarto empoeirado, o tempo esqueceu-se de mim, e esqueci-me do tempo, do vento lá fora, de quem fui até ali.


Outro dia, depois de muitos outros, o vento tomou-me em dança, e flores, enfeitaram meu jardim. Tranquei a porta do quarto, fiquei do lado de fora, prometi em quatro versos: nunca mais retorno aqui. 

Mais dias foram passando, um, dois, três anos, enfim. Bateram forte na porta, vinha um som do outro lado, perguntando: alguém ai?

Pernas tremendo, algum receio, coração batendo, olhei de relance, abri. Eram as doces lembranças que a poeira de outrora já não me permitira sentir. Entrei, troquei as cortinas, abri as janelas, limpei a bagunça e sorri. Dancei com o vento, beijei meu solo, só então, respondi:  depois de tanto tempo, sou eu, acredite e não duvide, voltei, estou aqui!  

A.C.N.A

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...