O amor que é dividido, multiplica-se.
Estamos necessitando de companhia, de alguém que nós espere, de alguém que fortaleça o amor dentro de nós.
Interessante a percepção, essa arte de disseminar o amor no outro, de encontrar e deixar-se ser encontrado, de perceber o outro em meio às tantas multidões que falam dentro e fora de nós. É disso que estamos deficientes, é disso que a humanidade carece: de afeto, de consideração e de companhia.
Amor é doação. Não se pode ser feliz sozinho. O amor que não é compartilhado, que não é dedicado ao próximo, não tem razão para existir, perece em meio a própria solidão.
Necessitamos da troca de idéias, da confirmação através de um olhar, do sorriso que tempera a alma, do abraço que sara feridas. De alguém que nos espere, que se interesse por nossa essência, de um lugar em que possamos descansar. Ah, e de palavras: de palavras que libertem, que nos libertem de um mundo em que as pessoas vivem cada vez mais para si próprias, e que, na busca pela felicidade através da auto-suficiência e da individualidade apenas se fazem cada vez mais solitárias.
Quando falo de companhia, não intenciono desmerecer a magnitude do silêncio e da solidão: dessas vias que nos levam ao mais íntimo de nós mesmos. Ao contrário, vejo-os de maneira interligada, indispensáveis ao fortalecimento da alma, para que possamos perceber na plenitude do auto-conhecimento a importância do amor e o encanto de dividir.
Como é confortante o encontro com almas que ainda vêem beleza e felicidade em uma simples xícara de café e em uma boa conversa de um fim de tarde. Como é sincera e iluminada a felicidade que se firma na essência da companhia. Nas pessoas, e não nos lugares. Nos sentimentos e não em objetos. Na pureza e sinceridade de relações cada vez mais escassas.
Mas estamos cansados. Cansados de bater e de não ouvir resposta, dos olhares que se desviam, de esperar pela palavra que nunca chega. Cansados de nós mesmos, de acreditar no amor em meio a tantas decepções. De nos depararmos com pessoas que vivenciam o exibicionismo exacerbado, a implacável busca misturada ao desespero, cada vez mais presas aos laços da futilidade e da pseudo seletividade.
Quase não encontramos indivíduos interessados e comprometidos com a graça de ser missão na vida do outro. Difícil viver uma ideologia que contraria as bases nas quais a sociedade pós-moderna solidificou-se.
O processo de auto-entrega, da vivência do amor, por vezes é desgastante, e até, há que diga, ultrapassado, mas não entendo a felicidade de outra forma se não firmada no amor. Que nunca fiquemos cegos ao ponto de ignoramos sua força, que nunca nos percamos da prática do bem. Será sim uma tarefa árdua, será sim ao olhos de muitos uma fraqueza, mas resultará em bons frutos. Assim já dizia Emmanuel, "o bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte". Se conseguirmos ser luz na vida de uma única pessoa que seja, nossa existência já terá valido à pena.
A.C.N.A
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Máquina do tempo.
"As estrelas são todas iluminadas ... Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua ?"
(O pequeno príncipe).
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Introspectiva(mente)...
De inútil que é a discutir com outras mentes, optou por escrever, e pelo silêncio, e pelo grande barulho que este provoca dentro de si mesma.
Porque é tão díficil montar um quebra-cabeças com as peças que cada um possui .... Porque no espelho, encontra quem mais lhe conhece...
E de tanta intimidade, ora transforma-se no que escreve, ora escreve o que a descreve.
A.C.N.A
Ela escrevia...

E esquecia do mundo.
4 comentários:
Maravilhoso o que escreveu Ana. Adorei cada linha. Aproveito para te seguir. bjs
Muito obrigada pela atenção e pela sintonia com o que escrevo!
=]
Você tem razão quando diz que "a conexão e a empatia não são tão difíceis". Gostei demais do teu comentário lá no meu blog. E já estou te seguindo aqui, que é pra não me esquecer de voltar.
Outro texto lindo... parabéns!
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