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Tecendo sonhos...



Brígida poderia ter milhares de obrigações a cumprir, mas quando pegava sua caneta e um papel qualquer, esquecia-se do mundo. Aliás, este agora era seu, ela o pintaria da cor que desejasse. E sentia-se tão bem! Até o deslizar da caneta sobre a folha chegava aos seus ouvidos em forma de música. Os singelos riscos que aleatoriamente ia traçando, ora coloridos, ora em preto e branco, lhe eram tão familiares! Vai ver, oriundos do mesmo planeta que viera. Tinha a certeza de que não era dali. De vez em quando, surgiam uns meio feios, e como estes eram difíceis de apagar! No fundo, bem sabia ela que eles continuariam ali, talvez apenas amenizados por um pouco de corretivo. E, mesmo que não conseguisse mais visualizá-los, as marcas a lembrariam. Acostada à janela de seu quarto, apenas o ranger da velha cadeira de balanço lhe fazia companhia. Lá fora, tanto barulho, tantas pessoas. Havia cansado-se disso, do barulho. Desperdiçava horas de seu dia desta forma: tecendo sonhos, criando contos, ligando pontos... Poderia fazê-lo por dias, mas como o tempo era ingrato! Fazia questão de correr um pouco mais. Parece até que estava sempre de encontro marcado.

A.C.N.A

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Ela escrevia...

Ela escrevia...
E esquecia do mundo.

Em sintonia...